Pular para o conteúdo principal

Filme da Lava Jato custa R$ 15 mi, tem investidor secreto e estreia em julho

Com arma, uniforme, carro, helicóptero e avião cedidos pela Polícia Federal, "Polícia Federal - A Lei É para Todos" vai levar aos cinemas de forma "muito imparcial" a história da Lava Jato. O ponto de vista será -finja surpresa- o de policiais federais.

Mais entretenimento, menos panfleto político. Essa é a fórmula do diretor Marcelo Antunez para remontar os primeiros anos da operação que pôs meia Brasília e parte do PIB nacional de cabelos, implantes e perucas em pé.

Mas, ao adotar a ótica dos investigadores, ele arrisca se indispor com metade deste "Fla-Flu incrível que o caso criou no país", reconhece.

"Tem gente que vai ver que nós tentamos [a neutralidade], e tem gente que vai dizer que não adiantou nada", afirmou na semana passada, durante as filmagens.

O apartamento na Barra da Tijuca simula o dúplex no condomínio Hill House, em São Bernardo do Campo, onde Lula e sua mulher, Marisa Letícia (1950-2017), moravam.

A cena ali gravada é uma das últimas do longa de 2 horas e 10 minutos, um colosso para padrões brasileiros. A previsão de estreia é julho.

O filme abordará os primórdios da investigação e terminará com a ida compulsória de Lula para prestar depoimento na PF, quatro meses antes de virar réu da Lava Jato. Ou seja, deixará de fora a queda de grandes empreiteiros e de caciques de outros partidos que não o PT.

Se a lei é para todos, como prega o título, será preciso aguardar cenas dos próximos capítulos para ver a casa cair de vez. Segundo o produtor Tomislav Blazic, o plano é fechar uma trilogia sobre a Lava Jato, obra em construção também na vida real.

Ary Fontoura interpreta o ex-presidente, que usava roupa de ginástica (ia para a academia) quando a PF bateu à porta, em março de 2016. Achou que estava sendo preso. Um dos delegados diz que não, que "isso se chama condução coercitiva". "Isso se chama filha da putice", rebate Lula, levado à força para uma área policial no aeroporto de Congonhas.

A ficção oferece versão mais enxuta do que se passou naquela manhã, segundo gravação que a PF fez no dia. Dona Marisa (Sandra Corveloni), que morreria em menos de um ano, está nervosa. Agentes se apinham no apartamento, sob liderança de Ivan (Antonio Calloni), fusão ficcional de vários delegados. A referência mais óbvia: Igor de Paula, um dos chefes da operação, que na verdade não participou da condução de Lula na data.

Lula chega a fazer piada com a ausência de um colega deles, Newton Ishii, vulgo Japonês da Federal. Famoso por prender figurões, ele próprio foi para o xilindró, acusado de facilitar contrabando no país -depois fez escolta de suspeitos da Lava Jato usando tornozeleira eletrônica.

"Não trouxeram o japonês de Curitiba?" Lula ouve que não e se diz aliviado: "Ainda bem. Capaz de ele roubar as minhas coisas aqui em casa".

Mais tarde, o depoente ameaçaria: "Eu vou voltar a ser presidente em 2018 e lembrarei da cara de cada um de vocês. Me aguardem".

Para muitos, os delegados são os salvadores de uma pátria eticamente falida -entre seus fãs, Marcelo Serrado, que vive o juiz Sergio Moro, "um herói" para o ator. Para tantos outros, eles são exemplos de um Judiciário parcial, o que teria ficado evidente com o apoio de algumas dessas autoridades a Aécio Neves nas eleições de 2014; já Lula era xingado: "Alguém segura essa anta, por favor!", escreveu o delegado Márcio Anselmo na internet.

Atores tiveram canal aberto com agentes e até visitaram a carceragem da PF em Curitiba, em acordo sem precedentes, diz o produtor Tomislav. Questionada, a instituição não respondeu.

Para Antunez, terminar seu filme com o depoimento forçoso de Lula não foi gratuito. "Aquele momento é divisor de águas. Um marco para quem acha que a Lava Jato está exercendo papel benéfico. E aqueles que a veem como partidária também acham que esse momento é importante."

Até aqui, o cineasta dirigiu comédias que superaram 1 milhão de espectadores ("Até que a Sorte nos Separe 3", "Um Suburbano Sortudo"). O novo filme é um "thriller investigativo" que ele diz seguir a linha de "A Grande Aposta", obra com vários protagonistas e montagem ligeira.

BIG BANG

Antes da dona Marisa ter um aneurisma, do avião do ministro Teori Zavascki cair, de Marcelo Odebrecht, Eduardo Cunha e Eike Batista irem em cana, do Japonês da Federal perder o status de policial-celebridade para um colega barbudo, o Lenhador...

Antes disso tudo, em 2013, a PF apreendeu um caminhão carregado de palmito -e 697 kg de cocaína. Era a Operação Bidone (nome de filme de Federico Fellini, que no Brasil se chamou "A Trapaça").

Essa investigação paralela implicou o doleiro Alberto Youssef. No cárcere, ele acabou delatando na Lava Jato. Assim começa a história do filme.

Já os bastidores da obra renderiam um capítulo à parte. Orçada em R$ 15 milhões, a produção não revela seus investidores. "Zero dinheiro público", limita-se a dizer Tomislav.

Segundo Antunez, o sigilo (incomum no cinema) é uma proteção. Num clima tão polarizado, "as pessoas têm receios de várias ordens, até de integridade física", afirma.

A caixa preta alimentou boatos de que a prisão de Eike Batista em janeiro teria paralisado o set, já que o empresário seria um dos patrocinadores. "Ele nunca chegou perto do filme", afirma o diretor.

Poderá chegar -como personagem nas sequências planejadas. Uma coisa é certa: o Brasil dá mesmo um filme.

Folha de S.Paulo

Comentários

As Mais Visitadas

Corinthians monta mosaico 3D para celebrar o hexa brasileiro antes do clássico

Corinthians monta mosaico 3D para celebrar o hexa brasileiro antes do clássico BRASILEIRÃO O clássico deste domingo contra o São Paulo marcou o primeiro jogo do Corinthians como campeão oficial do Campeonato Brasileiro 2015. E para comemorar o hexa nacional, o alvinegro, jogando em casa, ergueu um gigantesco mosaico em 3D nas arquibancadas da Arena Corinthians para recepcionar os atletas e festejar o título. Mas como tudo que está ligado ao novo hexacampeão sempre acirra ânimos de torcedores e dos 'antis', como o Corinthians chama os adversários, a arte dividiu opiniões nas redes sociais. Paineis brancos erguidos pela própria torcida traziam a palavra Hexa separada por um brasão erguido por cabos de aço descendo do teto da arena. Segundo imagens que vazaram na internet durante os ensaios, o emblema deveria mesmo ficar pela metade. Mas para alguns internautas, a "arte" ficou incompleta. Da Redação Via: UOL Esportes

Super Sam: a crítica social em Chapolin Colorado, em 1973

Além de satirizar os heróis norte-americanos, Chapolin trazia uma grande crítica social da América Latina. Afinal, ele era um herói “sem dinheiro, sem recursos, sem inventos sensacionais, fraco e tonto”, nas palavras do seu próprio criador. Mas por outro lado, mesmo sendo um grande covarde, o Chapolin também é valente por ser capaz de superar seu medo para ajudar a quem precisa. No seriado, a hegemonia dos países industrializados no mundo subdesenvolvido é simbolizada por meio de Super Sam, interpretado por Ramón Valdéz. O personagem é o paradigma do poderio norte-americano: uniforme semelhante ao do Superman, com direito ao famoso símbolo no peito do traje azul, e cartola com as cores da bandeira estadunidense. Como nunca fora chamado para ajudar alguém, suas aparições na série eram fruto da intromissão nas ações do Chapolin. Enquanto o herói mexicano tem sua marreta biônica como arma, o Super Sam carrega consigo "a arma mais poderosa" (um saco de dinheiro) e diz “Time i

Vereador da cidade de Mari, Léo Texeira chama parte da imprensa local de "cara de pau e mentirosos"

O clima esquentou na cidade de Mari (60km da capital João Pessoa) entre o vereador Léo Texeira e parte da imprensa local. Tudo começou devido uma publicação do parlamentar Léo, no seu Facebook, onde se mostrou a favor da retirada da emissora comunitária Araça FM do prédio onde a mesma já oculpa há quase 18 anos, conforme, veiculado na imprensa no dia de ontem(23). O caso voltou as redes sociais e o vereador Léo Texeira, rebateu as acusações dizendo que o problema não é Araça FM e sim os que fazem Araça. Veja o recado do parlamentar para parte da imprensa: " Publique tudo , que o povo vai entender quem são vocês . A questão não é a rádio que é um patrimônio do povo . E sim vocês que vivem mentindo todos os dias , o prefeito Marcos , não processa vocês direto porque vocês são caras de pau e estão querendo mídia , " bando" de mentiroso , ele(Marcos Martins), vai continuar trabalhando por Mari/PB . Que vocês em 1 ano no governo do ex-prefeito(Antônio Gomes) , quase destr