Recepcionado pelo deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), o vice-presidente Michel Temer jantou nesta quinta-feira com um grupo de cerca de 85 deputados favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Por cerca e duas horas, entre taças de vinho, uísque, pratos de risoto e massa, Temer foi aclamado pelos parlamentares como virtual presidente da República. Apesar de algumas ponderações de que a votação ainda não aconteceu e que o resultado só sairá na noite de domingo, o clima era de vitória.
Um dos deputados presentes, que pediu reserva ao GLOBO, contou que chegaram a sugerir carregar Temer nos braços, mas foram contidos para evitar exposição desnecessária da figura do vice.
- Foi um beija mão. Era importante Temer ter este contato com os deputados - relatou um parlamentar.
Nas rodas de conversa, cada parlamentar fazia seu placar e projetava a sessão de domingo. Na avaliação de presentes, a lista de indefinidos engordará ainda mais os favoráveis ao afastamento de Dilma. Temer chegou pelas 22h, jantou, circulou, conversou com todos os presentes e deixou a casa de Heráclito por volta da meia-noite.
- Foi um jantar de confraternização e de análise da conjuntura. Estamos com os pés no chão, mas o cenário que está formado se mostra irreversível. Claro que tudo pode acontecer - disse um parlamentar tucano que esteve no jantar.
O anfitrião teve a ideia do jantar para que Temer ficasse em Brasília mais um dia. Ele viajaria nesta quinta para São Paulo para acompanhar de lá a votação. No entanto, embarcará só no fim da tarde desta sexta-feira.
- Heráclito lembrou a Temer que Tancredo só viajou de Brasília para Minas Gerais, na época do colégio eleitoral, na véspera - contou outro deputado.
Deputados que estiveram no jantar para o vice-presidente se explicavam, negando que o convescote tivesse qualquer componente de conspiração contra o governo.
- Não era nenhuma conspiração, era um trabalho de reconhecimento - disse um parlamentar.
De acordo com presentes, compareceram cerca de 85 parlamentares, mas jantaram ao lado de Temer 65 deles, de vários partidos, entre os quais PP, PR e PSD, os mais cortejados pelo governo.
Além de Heráclito Fortes, outros deputados defenderam que o vice-presidente ficasse até esta sexta-feira em Brasília.
- É perto do pote que você sabe para que lado ele balança - confidenciou um dos presentes.
Outro deputado emendou, afirmando não haver necessidade de Temer ficar na capital para a votação de domingo:
- É como vestibular, você estuda na véspera, no dia não adianta.
Da Redação
Via: O Globo
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