João Doria Jr. (PSDB) completa nesta terça-feira (31) um mês à frente da prefeitura de São Paulo. Desde que assumiu, o tucano se esforçou para mostrar que está "colocando a mão na massa" e usou intensamente as redes sociais para divulgar suas ações pela cidade.
Doria já vestiu roupa de gari, de funcionário da conservação urbana, pedreiro, agente de trânsito, de jardineiro e até andou de cadeira de rodas. As fantasias do prefeito geraram críticas de populismo, inclusive do apresentador José Luiz Datena, da Band, que comparou as ações às do ex-presidente Jânio Quadros e seu "varre, varre, vassourinha".
O político se defendeu na ocasião dizendo que não eram ações midiáticas. "O prefeito não vai [aos eventos] para posar para fotografia; eu vou trabalhar, às 7h, igualzinho o trabalhador que ganha R$ 1,2 mil [de salário]. E o trabalhador se sente prestigiado, valorizado", justificou.
O tucano quer mostrar que suas ações já estão mudando profundamente a cidade, mas no momento o que é possível de ser feito, como explicou o especialista em marketing político Victor Trujillo, professor da ESPM, é mais comunicar do que alterar realmente a vida do paulistano.
"Como início, o que está ao alcance da gestão atual em seus primeiros dias é se comunicar com os eleitores. Todas as decisões, tirando as de pequena monta e parciais – talvez a mais emblemática tenha sido a alteração da velocidade das marginais – levam tempo até para serem implementadas e mais tempo ainda para serem percebida pelos eleitores", disse Trujillo.
Crescimento nas redes sociais
Doria registrou um crescimento rápido nas redes sociais. Seu perfil no Facebook, por exemplo, tem mais de 1,3 milhão de seguidores. Em comparação, o do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) vai pouco além dos 300 mil.
Em entrevista, o tucano afirmou que suas redes sociais são alimentadas "com trabalho" e "não com informação fictícia e nem falsa". "Quando você faz, quando você realiza, você constrói verdades – pode até cometer um erro aqui e acolá, faz parte do jogo", disse.
Para Victor Trujillo, porém, a postura de Doria não poderia ser diferente. "O prefeito não está em toda parte, mas o eleitor está. Ele não pode chegar e fazer qualquer anúncio que não seja fiel à verdade. Não é mérito dele, é inerente às redes sociais. Em qualquer lugar tem um eleitor, pronto, vigiando com seu smartphone para fotografar e desmenti-lo", analisou.
Sem julgar a administração do prefeito até o momento, o especialista em marketing disse que a tática de usar as redes sociais intensivamente é acertada do ponto de vista da comunicação, porque cria uma intimidade com a parcela dos eleitores que o seguem na internet.
"Essa tática é vitoriosa na medida que o eleitor se sente próximo ao prefeito", explicou Trujillo. "Como as mídias sociais são um meio de mão dupla, onde você consegue se comunicar, mesmo sabendo que talvez seja um assessor a responder. Cria-se uma relação de intimidade, de modo que eu, eleitor, estou conectado ao prefeito e tenho acesso a ele."
Comunicação no estilo Trump
Eleito no primeiro turno, algo inédito para uma disputa da prefeitura de São Paulo, João Doria Jr. se envolveu em polêmicas desde antes de assumir o mandato – além do já citado aumento da velocidade nas marginais, houve também a proposta de alteração do local de grandes shows na Virada Cultural.
Após ser empossado, o tucano decidiu colocar em prática o programa Cidade Linda, cuja ação mais criticada foi a remoção dos grafites que coloriam a Avenida 23 de Maio. Além disso, declarou guerra aos pichadores da capital.
"Faz parte da estratégia dele, se posicionar diantes das polêmicas. A gente faz um paralelo com o Trump, que ganhou a eleição [para a Presidência dos EUA] justamente por ter se posicionado em coisas polêmicas", afirmou o professor Trujillo. "Não há dúvidas no mundo inteiro que Trump venceu a eleição porque teve uma melhor comunicação."
Segundo o especialista em marketing político, esta postura de Doria, mesmo que seja alvo de polêmicas, surte um efeito positivo no seu eleitorado neste momento.
"A imagem que ele passa é de alguém que tem opinião própria, se posiciona e está próximo", explicou Trujillo. "O eleitor quer ‘pulso’, previsibilidade. Quer um prefeito que ele conheça o temperamento, as convicções e valores, de forma que não o surpreenda com uma decisão inesperada."
Band
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