Pular para o conteúdo principal

O retrato de Doria Gray

A história do jovem Dorian Gray, da obra de Oscar Wilde, de alguma forma, tem elementos bastante próximos ao roteiro que vem sendo desenhado pelo marketing vaidoso e ególatra do prefeito João Doria Jr.

No romance, Dorian Gray é pintado por Basil Hallward no auge da sua juventude. E para se manter sempre belo e jovial faz um acordo com o demônio. Mas enquanto seu corpo mantém-se imutável o retrato de Dorian vai envalhecendo e o faz lembrar o que ele realmente é.

A Cidade Linda de Doria Gray só existe no acordo diabólico que o atual prefeito fez com a mídia e os grandes grupos econômicos de São Paulo. Com base num marketing que vende um João Trabalhador, ele desfila de gari, de cadeira de rodas, de peão de obra, de tudo aquilo que nunca foi.

O pacto de Doria já começa a produzir suas primeiras vítimas. A arte urbana que faz de São Paulo uma cidade mais cosmopolita está sendo massacrada neste primeiro mês de governo. Doria está expulsando os artistas da Paulista, apagou o mural da 23 de Maio, persegue camelôs e ao mesmo tempo esconde moradores de rua, ataca com a polícia vítimas do crack e desocupa de forma violenta uma área que estava há 40 anos sem uso e há cerca de dois anos viviam 700 famílias.

O impacto dessa imagem de um prefeito ativo ainda produz resultados positivos mas com o tempo o retrato do velho que tudo isso significa tende a aparecer. Doria Gray é a farsa . De alguma forma é a maldição que transforma São Paulo numa província onde caipirões metidos a besta preferem o cinza às múltiplas cores. O cinza de um fascismo autoritário onde todos têm que ser iguais e medíocres para que mentalidades como a de Doria Gray possam reinar.

Não há nada mais feio e sem vida do que a cidade cinza proposta por Doria. Até porque o que está por trás desta cor vazia é um modelo onde não há espaço para a juventude de periferia, da luta pela moradia digna, para a ousadia artística, para a ocupação de praças e espaços públicos, para a música de rua, para as bicicletas, para um padrão de educação que liberta, entre outras tantas coisas.

Doria acelera no marketing com vistas ao governo do Estado ou à presidência da República. Mas há um ditado que diz que quando o remédio é muito ele se torna veneno. O retrato de Doria tende aos poucos ir envelhecendo no imaginário de muitos que acreditaram nele, e isso fará com que seu marketing se torne o veneno que vai derrotá-lo.

Revista Forum

Comentários

As Mais Visitadas

Super Sam: a crítica social em Chapolin Colorado, em 1973

Além de satirizar os heróis norte-americanos, Chapolin trazia uma grande crítica social da América Latina. Afinal, ele era um herói “sem dinheiro, sem recursos, sem inventos sensacionais, fraco e tonto”, nas palavras do seu próprio criador. Mas por outro lado, mesmo sendo um grande covarde, o Chapolin também é valente por ser capaz de superar seu medo para ajudar a quem precisa. No seriado, a hegemonia dos países industrializados no mundo subdesenvolvido é simbolizada por meio de Super Sam, interpretado por Ramón Valdéz. O personagem é o paradigma do poderio norte-americano: uniforme semelhante ao do Superman, com direito ao famoso símbolo no peito do traje azul, e cartola com as cores da bandeira estadunidense. Como nunca fora chamado para ajudar alguém, suas aparições na série eram fruto da intromissão nas ações do Chapolin. Enquanto o heró...

Vereadora eleita de cidade do Maranhão faz sexo dentro de Cartório Eleitoral com amante

Fernanda Hortegal, a vereadora recentemente eleita de Dom Pedro/MA que ficou conhecida em todo o Brasil por trair o marido médico Sansão Hortegal, transando com o seu amante na portada da casa do casal e motéis. Realizou uma fantasia ousada: fazer sexo dentro do Cartório Eleitoral, onde trabalha o pé-de-pano (seu amante). O vídeo viralizou na cidade em Dom Pedro e Região do MA. Dos 20 vídeos que o marido encontrou no celular da vereadora, a transa no Cartório Eleitoral é o que mais chama a atenção, no dia de expediente. É mole isso? Fernando Cardoso / Bastidores de Notícias

Vergonha do que fizeram com Fábio Assunção

(Ou, sobre empatia, compaixão, solidariedade). ( Fabrício Carpinejar ) Fiquei chocado com os vídeos do ator Fábio Assunção estirado no chão e preso em viatura em Arcoverde (PE). Pasmo não por aquilo que ele fez, fora de si, mas pelo deboche de todos à volta, sóbrio e serenos, com consciência para ajudar e que não demonstraram nenhum interesse para socorrer e amparar alguém claramente necessitado e com dificuldades de se manter em pé e articular um raciocínio lógico. Em vez de ajudar, ridicularizavam o profissional em uma fase difícil da vida e apenas aumentavam a sua agressividade. Quem aqui já não bebeu além da conta e falou bobagem? Atiçar um bêbado é armar um circo de horrores, é se divertir com o sofrimento alheio, é renunciar à educação pelo bullying anônimo e selvagem de massa. Onde está a compaixão do país? O que ident...