No quadro saúde: Saúde bucal na gravidez
Durante a gestação, principalmente na primeira, surgem muitas dúvidas para a mulher. A nossa cultura mistifica algumas coisas e outras são tabus para profissionais da área da saúde e para as futuras mamães.
Do ponto de vista odontológico, iremos abordar alguns mitos e esclarecer algumas dúvidas, para fazer dessa época da vida da mulher, algo prazeroso e não doloroso.
Já foi abordado em publicações anteriores o mito que os dentes das grávidas ficam mais frágeis ( HYPERLINK "http://revistapaginas.blogspot.com.br/2017/02/alguns-mitos-e-verdades-sobre-carie-por.html" http://revistapaginas.blogspot.com.br/2017/02/alguns-mitos-e-verdades-sobre-carie-por.html). Apesar do mito na sua relação com a gestação, a maioria das grávidas adquirem problemas bucais. Aí surgem outros questionamentos: As mulheres que estão grávidas podem sofrer intervenções odontológicas?
A resposta é sim. Porém, devemos ressaltar que alguns cuidados adicionais deverão ser tomados, além do bom senso em relação ao tipo de procedimento a ser executado. Na literatura não há evidências científicas que impeçam o tratamento odontológico em gestantes, devido principalmente a falta de estudos nessa área, porém, devemos entender que há uma doença e que ela deve ser tratada independente de gravidez ou não. Inclusive, se necessário for, podem ser realizadas radiografias para fechar algum diagnóstico, fazendo uso racional e evitando caso seja possível. Outro procedimento que pode ser tranquilamente executado é a aplicação tópica de flúor, visto que esse flúor não é ingerido, portanto, não pode prejudicar o bebê.
Quanto à inserção e remoção de materiais odontológicos contendo mercúrio, como é o caso do amálgama, recomenda-se, desde que possível, que o amálgama não seja inserido nem removido da cavidade bucal de gestantes, pelo risco de inalação e absorção da substância. Clinicamente, portanto, devemos evitar restaurar dentes de gestantes com amálgama, no entanto, caso seja necessário remover o material por necessidade extrema de trocas de restaurações ou acesso à câmara pulpar de um dente previamente restaurado, devemos realizar o procedimento sob isolamento absoluto.
O atendimento pode ser realizado em qualquer fase da gestação. Principalmente em casos de urgência, porém o segundo trimestre é mais cômodo para as gestantes por diversos motivos: Gestante mais tranquila porque a “fase difícil” passou, formação do feto concluída, menor incidência de enjoos, menor peso que no último trimestre, que é o mais seguro, porém, o mais desconfortável para mulher.
Ah! Mais eu não suporto sentir dor? E agora? Existem anestésicos que podem ser utilizados de forma segura nos procedimentos em qualquer fase da gravidez. Portanto, se for necessário sua utilização para um atendimento mais cômodo e confortável a gestantes, eles podem ser utilizados tranquilamente.
E se for preciso tomar algum medicamento? A regra é a mesma. Diversos medicamentos têm uso tido como seguro para gestantes, porém, gostaria de fazer um alerta para a automedicação. Existe um risco de problemas para o feto e também para a mãe quando utilizam-se alguns antiinflamatórios no último trimestre de gravidez, portanto, nunca utilize um medicamento sem o conhecimento ou a prescrição de um profissional de saúde, isso pode ser um risco para sua vida e para a vida do seu filho.
Uma informação importante é que a doença periodontal, que tem relação com as alterações hormonais decorrentes da gravidez também possui relação com o nascimento de fetos prematuros e com baixo peso, mas, isso é um assunto para outro dia. No entanto, fica o alerta para você que está grávida se policie e procure manter a sua saúde bucal num nível adequado, isso trará benefícios para você e para seu filho que está por vir.
E lembre-se sempre: Dentista não cuida apenas de dentes, cuida de gente. Até a próxima.
Referências:
ECHEVERRIA, Sandra. Tratamento Odontológico para Gestantes, 2ª edição. Santos, 03/2014. [Minha Biblioteca].
VASCONCELOS et al. Atendimento odontológico a pacientes gestantes: como proceder com segurança Rev. bras. odontol., Rio de Janeiro, v. 69, n. 1, p. 120-4, jan./jun. 2012
Diogo Paiva
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