Pular para o conteúdo principal

Sentença contra Lula fere todos os princípios do direito

O jurista Afrânio Silva Jardim, professor de Direito Processual Penal da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ex-membro do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por 31 anos consecutivos e ininterruptos, e um dos mais respeitados criminalistas do país, sobre a sentença de Moro.

Na decisão, Moro afirma que o triplex foi resultado de propina relativa a obras na Petrobras. A construtora pagou cerca de 3% do valor dos contratos e aditivos firmados. O preço do triplex e as reformas nele realizadas, segundo o magistrado, foram abatidas desse montante.

Na entrevista, Afrânio fez questão de ressaltar que não leu todo o conteúdo da sentença, mas apontou que a acusação de lavagem de dinheiro, que fundamentou a sentença de Moro, não se sustenta.

“Não li toda a sentença, mas o que me causa estranheza é que Moro teria condenado o Lula por lavagem de dinheiro. Dinheiro que não recebeu e que não tem. E não teria ele participado, seja como autor, coautor ou mesmo partícipe, daqueles contratos lesivos à Petrobras. Seria necessário, se tivesse havido aquele ato ilícito, que ele tivesse um proveito e depois, para esconder esse proveito, ele comprasse o imóvel e colocasse em nome de outro. Ele não comprou o imóvel. Nem o imóvel passou a ser patrimônio dele. Como é lavagem do dinheiro que você não tem?”, questiona o criminalista.

Afrânio Jardim é autor de diversas obras de processo penal e considerado um dos mais influentes pensadores acadêmicos do sistema de Justiça criminal. Há 37 anos lecionando Processo Penal, Afrânio chegou a trocar e-mails com o juiz Moro sobre questões processuais e foi um entusiasta dos atos que cercavam o início das investigações da Lava Jato. Mas as ações da força-tarefa e a conduta do juiz Sergio Moro fizeram com que ele rompesse com o magistrado e se tornasse um dos principais críticos.

“Responsabilizar o Lula por um contrato lesivo à Petrobras, apenas porque ele era presidente da República, ou porque ele teria referendado a indicação que nem é ele quem faz, é um diretor da Petrobras, que teria depois praticado um ato ilícito, isso fere todos os princípios do direito, que trata da autoria e participação do delito”, explica o jurista.

Para o jurista, o processo configura um estado de exceção que, segundo ele, teve início com o ativismo judicial.

“O Judiciário começou a julgar de acordo com a sua conveniência, seus interesses. E como temos um Poder Judiciário conservador e reacionário, isso se tornou um perigo. Eu agora, voltei a ser legalista, positivista, coisa que não era. Já é um avanço cumprir a Constituição, pois se cair na mão dessa turma, nós não temos garantia nenhuma”, frisou.

Parecer

Recentemente, Afrânio Jardim publicou no site Empório do Direito um detalhado parecer sobre o caso do processo do ex-presidente Lula. A análise serviu de subsídios para a defesa de Lula na denúncia apresentada ao Comitê de Direitos Humanos da ONU.

O parecer aponta que Lula é vítima do chamado “Lawfare”, método de perseguição política no qual se utiliza o Judiciário.

“Estou convicto de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está ‘previamente condenado’. Contra ele, criou-se um ‘clima’ de verdadeira perseguição, através de investigações policiais e processo penal carentes de tipicidade penal e do mínimo de provas de conduta de autoria ou participação em delitos. Como se costuma dizer: escolheram o ‘criminoso’ e estão agora procurando o crime”, afirma Afrânio.

Para ele, por motivos vários, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Poder Judiciário, principalmente o juiz Sérgio Moro, “se ‘irmanaram’ naquilo que acham ser um ‘severo combate à corrupção’, daí o nome ‘Força-Tarefa da Lava-Jato’, que se tornou popular em nosso país. Tudo isso lastreado em massivo e constante apoio da grande imprensa”. (Via Portal Vermelho)

Comentários

As Mais Visitadas

O dia em que amizades superaram as rivalidades em Mari/PB - Aldoberg Silva

O dia de ontem (27) no pequeno município de Mari, localizado na Zona da Mata da Paraíba, surpreendeu... Foi mais um domingo normal como de costume onde as famílias e os amigos se encontraram e se confraternizaram na pequena cidade do interior. Porém um evento realizado pelo ex-vice-prefeito Jobson Ferreira, se destacou; na imprensa, na opinião política, e nas palavras desta humilde coluna. O batizado do filho do casal Jobson e Valeska - vereadora do município de Mari,  seguido de uma  confraternização em sua residência, acabou reunindo e ligando vários extremos. Por lá, estiveram o deputado federal Rômulo Gouveia (PSD), vereadores de oposição e a vice-prefeita Karina Melo. Além de outras lideranças políticas do município e, claro, bastante amigos da família. Seguindo à regra, a imprensa noticiou, mostrou e analisou. Olhando o lado político da 'coisa' ignorando a essência. A realização do evento de caráter privado foi visto por alguns, como ato político. Uma estratégia par...

Jornalista compara prefeito de Campina Grande/PB com Odorico Paraguassu, personagem de O Bem Amado

" Baixa um Odorico em Romero e prefeito faz de Campina uma sucupira ao ampliar feriadão para cinco dias " Revista Páginas - Este foi o título do artigo escrito pelo jornalista Dércio Alcântara, publicado hoje (10) em seu Blog. No seu escrito Dércio compara o prefeito de Campina Grande, PB, Romero Rodrigues (PSDB) ao folclórico prefeito Odorico Paraguassu da novela O Bem Amado. A inspiração do jornalista paraibano em descrever a comparação entre Odorico e Romero, foi logo após o prefeito de Campina Grande decretar ponto facultativo em plena quarta-feira de uma Semana Santa, ampliando assim para cinco dias o feriadão. O super feriadão em Campina Grande conhecide com a chegada das águas da Transposição ao açude de Boqueirão, um dos motivos que levou o chefe do executivo a decretar ponto facultativo na quarta. Na visão do jornalista, o super feriadão fará com que Campina Grande deixe de arrecadar. O jornalista explica que a antecipação do feriado, levará a debandada em massa ...

Homem invade loja de eletrodomésticos na PB e furta celulares falsos em balcão

Ocorreu um fato inusitado em uma loja de eletrodomésticos do Centro de João Pessoa foi registrado pela Polícia Militar na noite da terça-feira (25). De acordo com a PM, um homem invadiu o estabelecimento e fugiu levando vários celulares que estavam no balcão da loja, mas os aparelhos eram apenas imitações de plástico que servem para exposição. O caso foi registrado por volta das 22h30, em uma loja que fica próximo ao Parque Solón de Lucena. Segundo a PM, vizinhos acionaram a polícia informando que uma pessoa estava dentro do estabelecimento. Os policiais foram até o local e aguardaram a chegada do gerente para abrir a loja. “Depois que entramos, vimos que houve um dano no telhado, no primeiro pavimento, por onde entrou uma pessoa, pelo que vimos nas imagens do equipamento de segurança. O assaltante tinha como foco pegar celulares, mas o gerente informou que todos os itens que ele levou eram imita...