(Análise geral sobre os indicadores sociais entre os anos 2000 a 2013)
Severino Ramo do Nascimento-Historiador
O município de Mari está situado na Zona da Mata Paraibana, de clima tropical chuvoso, terras planas e férteis; com abundância de água em todos seus recantos, margeados por rodovias, e com um histórico invejável na área produtiva tanto no setor primário quanto no setor secundário e terciário! Já foi considerado um dos maiores produtores de fumo (inclusive com parte do processamento feita no própio município), de abacaxi, de inhame e de mandioca, sem falar na monocultura da cana-de-açucar que também já foi produzida em grandes quantidades nestas terras. O município dos Lunas Freire conta com 21.176 pessoas residentes, ocupando a 29° posição entre os 223 municípios do estado da Paraiba no Ranking populacional (CENSO 2010). Como exemplo da grandeza do município nos aspectos produtivos acima identificados, podemos citar algumas das empresas que já foram instaladas em nessa cidade: Empresa Exportadora de Abacaxi, INDAL-fábrica de bolachas e biscoitos, Cambuci (PÊNALTI)-fábricas de sapatos e tênis, duas fábricas de processamento de mandioca e por último a Indústria Real Calçados, que teve a suas atividades iniciadas no ano de 2012 e encerradas em 2013, entretando todas foram desativadas.
Vale ressaltar, ainda, que o nosso município já contou com três Agências Bancárias, sendo duas de fomento - Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, e o BANORTE S/A, da Coletoria Estadual funcionando plenamente. Como é sabido, há pouco tempo o município ficou, apenas, com um "Posto de Atendimento" do Banco do Brasil. E só apartir da implantação, no governo LULA, da política de expanção das agências dos Bancos Oficiais e da política de empréstimos consignados é que houve a consolidação da agência do BB e implantação da uma unidade do BRADESCO, mas que não fucionam como bancos fomentadores do desenvolvimento sustentável e econômico produtivo.
Outro fato marcante para sociedade mariense foi o fechamento do Hospital Santa Cecília implantado na década de 70, na gestão do prefeito Eudes de Arruda Barros, que foi por muitos anos uma referência de saúde pública para toda a região, possibilitando o atendimento de casos simples e complexos de saúde e garantindo o atendimento ás mulheres no que tange serviços de pré natal e parto de todas as grávidas residentes no município. Com seu fechamento, os filhos e filhas gerados em nossa terra passaram a nascer noutras localidade, perdendo a identidade de cidadãos mariense.
Pela descrição acima, o município teria tudo para ser pujante e relevante no tocante ao seu desenvolvimento econômico, produtivo, social e humano! Teria, entretanto, não tem!
Segundo os dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), através da análise do Índice de Desenvolvimento Municipal (IFDM), o município ocupava a 47° posição em Desenvolvimento Municipal no ano 2000, já em 2005 passou a ocupar a 169°, e em 2009 ocupava a vergonhosa 201° posição do Ranking dos municípios menos desenvolvidos da Paraiba. Ou seja, em uma década, a cidade de Mari saiu da privilegiada posição que ocupava entre os 50 municípios mais desenvolvidos, para a incômoda posição de um dos municípios mais pobres do estado e do País.
Por outro lado, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na sua publicação de 2010 o IHD-M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal corrobora, claramente, com os dados relacionados com a decadência município de Mari, no qual aparece na 199° posição de município mais pobre da Paraiba. Vale lembrar que, enquanto, no ano 2000 Mari se encontra entre os 50 municípios mais desenvolvidos da Paraíba, dez anos depois passou a figurar entre os 24 municípios mais pobres do Estado. Se a comparação for feita com o IDH-M de 2013, a situação fica, ainda, mais assustadora! Visto que os índices continuam piorando e em, apenas, três anos o município caiu 06 posições, passando a ocupar o 18° lugar entre os municípios mais pobre da Paraíba, de um total de 223 municípios no Estado. Em relação ao Brasil, a situação é tão lastimável e preocupante quanto, pois ocupamos a vexatória 5.225° colocação em um universo de 5.565 municípios. À frente, somente, de 340 municípios que são mais pobres do que o município de Mari.
Uma inversão terrível e pervesa principalmente para os mais pobres, visto que são as pessoas menos favorecidas que sofrem mais brutalmente as consequências da pobreza.
Objetivando não deixar dúvidas quanto à queda dos indicadores econômicos, produtivos, sociais e de desenvolvimento do município de Mari, passamos a apresentar os dados comparativos de dois municípios situados na região da Mata Paraibana e que guardam enormes similitudes com a nossa cidade: primeiro, cito o município de Jacaraú que ocupava no ano de 2000 a posição de 183° no Ranking do IFDM, enquanto no ano de 2009 passou a ocupar a 82° posicão no mesmo Índice de Desenvolvimento Municípal, subindo, assim, 101 posições no Ranking do IFDM, enquanto Mari caiu 121 posições no mesmo indicador de resultados. O segundo comparativo a ser feito tem como referencial o município de Rio Tinto, que no ano 2000 apresentava o 43° lugar no Ranking do desenvolvimento, enquanto em 2009 passou a ocupar a 26° posicão no mesmo indicador.
Ainda dentro da avaliação dos números relacionados à nossa cidade, se for analisado o aspecto da desagregação social, vai ser percebido que o fator da violência cresceu exponencialmente, acompanhando os mesmo patamares em que a pobreza evoluiu. Se no inicio da década passada era raro (e indignador) a ocorrência de um único homicídio durante o ano, depois de 2005 passamos a contar com uma evolução permanente nos índices de assassinatos sendo ( uma média comparativa de 135 assassinatos por cada grupo de cem mil habitantes, enquanto a média "aceitável" seria de 10 assassinatos para cada cem mil pessoas; percentualmente falando o município de Mari conta com aumento de 1.142% acima do aceitável pela Organização Mundial de Saúde), na sua maioria, pessoas jovens, sem que a sociedade perceba e se indigne com gravidade da situação. Além dos crimes letais, também houve uma enorme escalada noutros tipos de crimes, tais como: roubo, assaltos e brigas em geral. Do meu ponto de vista, se há algo mais grave e preocupante que a violência sentida e vivenciada pela nossa comunidade é a inércia, a complacência e resignação dos orgãos públicos, da sociedade civil organizada e das próprias pessoas, individualmente. Acredito que se fatos dessa natureza viessem a acontecer em qualquer outro município dos mais diversos rincões desse país, certamente haveria uma reacão à altura com enfrentamento aos fatos ocorridos!
Podemos afirmar, de forma irrefragável, que a situação do município de Mari, na última década, não conseguiu acompanhar o mesmo ritmo de desenvolvimento e crescimento que o Brasil, principalmente, se comparado com os avanços registrados em todas as regiões do Nordeste Brasileiro.
Diante dos números e dados expostos, acreditamos ser imperativo fazermos algumas perguntas de cunho reflexivo e provocativo: quais os fatos determinantes que levaram o município a perder a sua grandiosidade? Que mudanças ocorreram para gerar todas essas consequências negativas? Quais foram os gestores do município no período analisado? Quais as políticas públicas que deixaram de ser implementadas ou que passaram a existir causando esse abismal atraso?
Fontes:
IBGE. Censo 2010.
PNUD. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal 2000.
FIRJAN. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal 2009.
Crédito: Severino Ramo do Nascimento - Históriador
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